terça-feira, 12 de julho de 2016

O tempo afrouxa...






O tempo afrouxa!!!



Quando tento buscar na memória a menina que fui, não consigo me ver chorando.
No colégio? Nunca.
Em casa? Só de forma muito reservada e profunda, no silêncio do meu quarto, jamais por fricotes infantis. 


Mesmo adolescente, com os hormônios em curto-circuito, tampouco lembro de abrir as torneiras. 


Era durona, não chorava nem quando havia sério motivo para tal, aliás, mesmo quando morria um parente distante, eu só conseguia ver a parte boa, que eu iria passear com a família, e rever os parentes que só se encontram nessas ocasiões.

Depois veio a idade dos namoros, e aprendi a chorar por dor de cotovelo e também por autopiedade.
Meu choro era tão sentido, vinha de zonas tão secretas, que, mesmo quando o motivo do choro já havia se dissipado, eu continuava chorando pela simples emoção de estar testemunhando aquela tristeza reprimida que finalmente desaguava — eu chorava pela comoção que eu mesma me causava...rs 

Chorei no momento em que minhas filhas e meu filho nasceram, porque o esforço e a intensidade da emoção do parto faz tudo vazar sem barragem que represe.


E chorei de raiva, nas poucas vezes em que me senti injustiçada. E só.
Tudo choro emocional, mas com razão conhecida.

Porém acabou o tempo de estio, quando eu chorava tão de vez em quando que podia até lembrar a data...

...ando chorando agora assistindo o programa Raul Gil, vendo uma criança cantar... pode? rsrs


Quando uma criança canta na festinha da creche:
“Quero ver você não chorar/Não olhar pra trás...”, 

Nossa... me debulho de tanto chorar... 


Choro em formatura.
Choro em discurso de família.
Choro com os fogos de artifício do Réveillon.  
Choro ao ver qualquer pessoa chorando.

Choro em aeroporto.
Choro no banho. 

E quando ouço Chão de Giz, do Zé Ramalho, daí não são apenas olhos marejados: transbordo. 

Essa música toca em alguma coisa que me cala fundo e ainda não sei o que é.

Dizem que ficamos mais amolecidos com a idade, mas eu achava que estavam se referindo às dobrinhas nos joelhos...rs
Pelo visto, os sentimentos, com o tempo, também afrouxam.
Que bom, assim afrouxa a mágoa, afrouxa a raiva... 
Melhor assim: deixam de empedrar e de nos enrijecer por dentro, e evita doenças.

Deslizam as lágrimas pela face e nos purificam: ficamos banhados, limpos, batizados.

Parece que me sinto tão aliviada quanto, quando termino de pagar um carnê de trinta e seis parcelas...rsrs



Ufa!! Pensando bem, esse afrouxo é bom! rs

Forte abraço e até a próxima!

Deus abençoe ricamente a todos!


(Incluso Créditos: Martha Medeiros)





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